SHOWS SUPERFATURADOS
O
prefeito de Lafaiete pode enfrentar nestes últimos meses de governo uma
Comissão Processante. Em entrevista coletiva nesta terça-feira 10/04 o
vereador José Milagres, (PT) informou que irá protocolar na Câmara nas
próximas horas, pedido de instauração de uma Comissão Processante com
objetivo de investigar denúncias de possíveis irregularidades durante a
Expolaf 2009, com suspeita de superfaturamento nos valores pagos pelos
show apresentados.

Ele
disse confiar no apoio dos demais vereadores para formação da Comissão.
Mas, para aprovação da abertura da Comissão Processante para investigar
as denúncias, ele terá que contar com o voto da maioria dos vereadores,
o que é difícil, se levar em consideração que a maior parte deles faz
parte da base de apoio ao governo.
Durante
coletiva o vereador, acompanhado de seu assessor jurídico, o advogado
Ernane Eduardo apresentou cópia do processo e outros documentos em que o
Ministério Público de Minas Gerais requere, entre outros: ressarcimento
aos cofres do município do valor de R$140.648,17 (cento e quarenta e
oito mil, seiscentos e quarenta e oito reais e dezessete centavos)
atualizados e acrescidos de juros e perda da função pública e suspensão
dos direitos políticos de 5 a 8 anos dos requeridos.
Shows superfaturados
A
Ação Civil Pública gira em torno dos valores pagos aos artistas que se
apresentaram naquela Expolaf, ao que tudo indica, acima dos valores de
mercado. Em 2009, na primeira Expolaf da atual administração foi
contratada a empresa Ponto Arte Serviços de Projetos, criações e
Produções de Eventos Ltda (Pro Art) para agenciamento dos shows.
Inexigibilidade
A
improbidade administrativa apontada pelo Ministério Público advém da
contratação irregular da empresa Pro Art para a organização do evento
sem os elementos legais determinados pela Le 8.666/93 para a
configuração da inexigibilidade.

Fator
agravante, é que a análise dos números apresentados levou á conclusão
de que se a prefeitura houvesse contratado os artistas sem a
intermediação de uma empresa haveria uma economia. Há uma disparidade
numérica considerável entre os valores que a prefeitura pagou á empresa e
os valores que os artistas realmente receberam.
Confira abaixo os valores pagos pela prefeitura e os valores recebidos pelos artistas, segundo cópia do processo:
Artista
|
Valor recebido pelo artista
|
Valor pago pela prefeitura
|
Fernandinho
|
R$ 25 mil
|
R$ 37.302,96
|
Teodoro e Sampaio
|
R$ 60 mil
|
R$ 112.053,01
|
Rodriguinho
|
R$ 31.300,00
|
R$ 46.613,87
|
NX Zero
|
R$ 85 mil
|
R$ 142.626,45
|
Beijo Molhado
|
R$ 3 mil
|
R$ 3.454,40
|
TOTAL
|
R$ 204.300,00
|
R$ 342.050,70
|
Diante
desta constatação o Ministério Público pede o ressarcimento aos cofres
públicos o valor total de R$ 140.648,17 (cento e quarenta e oito mil,
seiscentos e quarenta e oito reais e dezessete centavos) atualizados e
acrescidos de juros.
Lendo
partes do processo foi possível observar contradições entre as
declarações dos envolvidos. Conforme o trecho transcrito abaixo.

Pronunciamento
Tão
logo terminou a coletiva com o vereador José Milagres, os repórteres
foram até a prefeitura na tentativa de ouvir prefeito José Milton de
Carvalho Rocha (PSDB). Lá foram recebidos pelo seu chefe de Gabinete.
Wesley Luciano informou que o prefeito continua discutindo o caso com
seus advogados, tem uma agenda nesta quarta-feira em Belo Horizonte e
que deve falar com a imprensa hoje ou amanhã, numa coletiva que deverá
também contar com a presença dos secretários João Batista da Silva Neto
(Cultura) e Danilo Brito das Dores (Administração).
Na
saída da prefeitura os repórteres encontraram com um dos advogados do
prefeito, Anderson Moraes Portes de Oliveira, que optou por não dar
declarações. A exceção foi a informação que vai recorrer da decisão
judicial que determinou o bloqueio de bens de seu cliente, pro
considerar a decisão "totalmente arbitrária". A decisão foi dada em
caráter liminar e cabe recurso.