MINAS REFORÇA ABASTECIMENTO NAS ESCOLAS
Em 2012 serão maiores as possibilidades de melhoria da renda
para os agricultores familiares de Minas Gerais que fornecerem alimentos
às escolas da rede estadual. “A presença mais efetiva dos produtores
nessa área específica do abastecimento terá o suporte do Programa
Estruturador Cultivar, Nutrir Educar, que está sendo criado pelo Governo
do Estado”, informa o subsecretário de Agricultura Familiar da
Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Edmar
Gadelha.
Inicialmente,
o programa deve abranger as regiões Norte, Rio Doce e Zona da Mata de
Minas. Depois os benefícios serão levados ao restante do Estado, com a
meta de alcançar 15 mil agricultores familiares até 2015.
“Esse
contingente de produtores receberá qualificação suficiente para
oferecer produtos de acordo com as especificações da Lei 11.947, de 16
de junho de 2009, que determina às instituições a aquisição, na
agricultura familiar, de no mínimo 30% dos gêneros necessários para o
preparo dos alimentos servidos diariamente aos estudantes”, diz o
subsecretário. “No caso do fornecimento de produtos orgânicos
certificados, o produtor receberá 30% mais do que ao entregar alimentos
resultantes do cultivo convencional.”
Ações integradas
No
âmbito do programa estruturador, a Secretaria da Agricultura,
Secretaria de Educação e Secretaria de Saúde vão desenvolver ações
integradas para qualificar e tornar aptos os agricultores familiares com
potencial para fornecer alimentos, por meio do Programa Nacional de
Alimentação Escolar (PNAE), às unidades mantidas pelo Estado.
De
acordo com o subsecretário, a importância da maior inserção dos
agricultores familiares no abastecimento de alimentos para as escolas
estaduais pode ser avaliada pela quantidade de estudantes que compõem a
rede. “São 2,5 milhões de crianças e adolescentes em 3,9 mil escolas”,
diz Gadelha.
Ele
acrescenta que os agricultores familiares vão se ajustar às exigências
para participar desse mercado, começando pela habilitação sanitária, na
parte dos produtos de origem animal, que será fornecida pelo Instituto
Mineiro de Agropecuária (IMA). Já a Secretaria de Saúde vai atender à
habilitação na parte dos produtos de origem vegetal.
Essa
etapa é de importância fundamental, porque a habilitação possibilita a
emissão de nota fiscal, documento indispensável para a realização de
vendas. A nota é uma garantia para os agricultores familiares de Minas
Gerais comercializarem os produtos com isenção de ICMS, benefício
assegurado por instrução normativa da Secretaria da Fazenda.
Novo cenário
Segundo
o subsecretário, o novo cenário previsto para a agricultura familiar em
Minas Gerais inclui ações sobretudo da Secretaria da Agricultura,
Emater, IMA, Epamig e Ruralminas, sob a coordenação da Subsecretaria.
“Neste caso, uma das decisões é incentivar, a partir de 2012, a produção
agroecológica e orgânica para ampliar as possibilidades de agregação de
renda nas vendas dos agricultores pelo PNAE e PAA (Programa de
Aquisição de Alimentos, que atende às instituições socioassistenciais),
diz.
“Outra
decisão é coordenar ações de revitalização na parte de infraestrutura
logística (estradas e transporte) especificamente para atender ao melhor
desempenho da agricultura familiar”, informa Gadelha. O trabalho nessa
área inclui o fortalecimento da rede do Barracão do Produtor, programa
desenvolvido em parceria pela Secretaria da Agricultura e a CeasaMinas
para dar suporte à comercialização de hortigranjeiros.
Depois
de revitalizados, os barracões, que são unidades administradas por
associações de produtores, deverão atuar com maior eficiência como
centrais de distribuição dos produtos da agricultura familiar no
município e região. Inclusive contando com equipamentos para garantir o
beneficiamento de frutas, legumes e verduras. Futuramente, nos
barracões, poderão ser instaladas também agroindústrias familiares.
O
subsecretário explica também que a Subsecretaria da Agricultura
Familiar vai coordenar programas para oferecer capacitação em gestão às
associações e cooperativas incluídas no trabalho de intermediação do
abastecimento dos produtos às escolas estaduais. Essas ações serão
desenvolvidas com base em diagnósticos de oferta e demanda dos produtos
que fazem parte do cardápio das escolas.
Papel dos MLPs
Os
Mercados Livres do Produtor (MLPs), integrados às unidades da
CeasaMinas, terão uma função estratégica na nova fase de abastecimento
dos produtos da agricultura familiar às escolas. A observação é do
superintendente de Gestão dos MLPs pela Subsecretaria de Agricultura
Familiar da Seapa, Lucas de Oliveira Scarascia. Contagem e Uberlândia
têm as Ceasas com maiores MLPs em termos de volume comercializado e
diversidade de produtos. De acordo com pesquisas feitas pela
superintendência, mais de 50% dos usuários das unidades são agricultores
familiares aptos a fornecer ao mercado institucional e, por isso,
segundo Scarascia, o desafio da Seapa será adequar e organizar esses
agricultores para fornecerem às escolas municipais e estaduais,
especialmente nas regiões de maior número de estudantes, como a Grande
Belo Horizonte e Uberlândia.
“Os
produtos comercializados por esses agricultores (banana, morango,
manga, pera, tomate, hortaliças em geral, entre outros) são alimentos
básicos que poderão cumprir parcialmente as necessidades nutricionais
dos alunos das escolas públicas, o que já ocorre em Uberlândia, segundo
maior MLP do Estado”, explica Scarascia. “A Cooperativa de Agricultores
Familiares, criada recentemente no âmbito do MLP, em três semanas de
ação da Seapa, em conjunto com a Prefeitura Municipal e Assohorta
(Associação dos Produtores de Hortifrutigranjeiros da Ceasa de
Uberlândia), já está fornecendo 8 toneladas de produtos às escolas do
município”, finaliza.